lunes, 2 de febrero de 2009

A HISTORIA DA TUA CARTA


Dia 10 de Dezembro de 2005, Sábado

A história da tua carta:

Ontem sexta-feira pelas 8.00 da manhã fui tentar colocar a tua carta no correio. Dirigi-me a um sítio onde dizia correios. O balcão estava vazio e eu esperei, como não chegava ninguém dirigi-me ás outras portas que também diziam correios, também não estava ninguém. Voltei à rua e perguntei se os correios eram exactamente ali, indicaram-me a primeira porta onde já tinha anteriormente entrado. Voltei a essa porta, estava uma senhora que me disse que ali eram os correios, mas a pessoa que atendia ainda não tinha chegado. Esperei. Chegou a pessoa pedi um envelope, não havia envelopes. Saí um pouco confusa por não venderem envelopes nos correios. Fui a uma papelaria na porta um cartaz FECHADO.

8.20 a.m. Quando volto costas o empregado retira o cartaz e abre a porta. Volto para trás. Escolho um envelope amarelo e um caderno para te continuar a escrever. Procuro outros correios, encontro um local expresso. Entro, mandam-me sentar, pregunto o preço de um envelope expresso, respondem que não sabem, sou a primeira cliente e o dólar é flutuante. O dono da loja sai e vai a uma casa de câmbios, volta, faz as contas e diz-me que custará 1 milhão de meticais (a moeda de Moçambique) e tu sabes o meu problema de dislexia, não consigo imaginar este número. Digo que não, é muito caro. O dono da loja começa a assustar-me, a dizer que nos correios normais a carta nunca chegará. Saio.

8.30 a.m. Finalmente encontro os correios “normais”. Escrevo o teu nome e morada no envelope, entrego, pago, escolho postais e selos para as próximas cartas. Sento-me no café e inauguro este caderno.

Dia 12 de Dezembro, segunda-feira. 7.30 a.m Tenho otro caderno que te escrevi na mala. Parece uma coisa viva, a palpitar. Desço a rua até aos correios. Quando chego ao edifício onde fui anteriormente levar a tua carta já não existia. Pregunto sobre aquele edifício a um homem que passa. Ele diz que está há 10 anos fechado, há 10 anos que os correios não abrem. Fico com o caderno na mão a palpitar.

O que aconteceu? Terei sonhado que te enviei uma carta? Recebeste a minha carta?

Uma sensação estranha me invade como se não existisse tempo, como se não pudesse confiar no espaço.

To be continued….

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